Judie Foster disserta sobre as atribulações da formação
específica do ator — um texto genuinamente político sobre o ser ator, disponível no site The Daily Beast, associado da revista Newsweek (o papel do ator e a privacidade)
Representar tem tudo a ver com a
comunicação da vulnerabilidade, permitindo que a verdade que temos dentro de
nós possa expor-se, independentemente de parecer disparatada ou vergonhosa.
Abrirmo-nos e entregarmo-nos completamente. É um ato de liberdade, amor,
conexão. Os atores adoram ser conhecidos, profundamente, através das
subtilezas das personagens, as suas imperfeições, complexidades, instintos, a
sua disponibilidade para a queda. Quanto menos medo temos, mais verdadeira é a
interpretação. Como é possível fazer isso, sabendo que se vai ser pessoalmente
julgado, visado, atraiçoado? Quando se é esperto, aprende-se a separar as
coisas de forma consciente, a criar compartimentos. Fechar as nossas emoções
num cofre de segurança é, de facto, útil quando o público atira pedras. O
objectivo é sobreviver, intacto ou não, seja qual for o preço emocional. Os
atores que se tornam celebridades são supostos mostrarem-se agradecidos pelo
interesse público. Afinal de contas, são pagos. Só para deixar as coisas muito
claras: o salário para uma determinada performance no ecrã não inclui o direito
a invadir a privacidade seja de quem for, destruindo a identidade de uma
pessoa.
João Lopes em sound + vision
(blog)
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