segunda-feira, 3 de outubro de 2011

… um Jardim à beira mar eleito… ou … sobre a preversidade da Democracia…

(em resposta ao repto do PC… e obrigado pelas discussões em torno do tema)

A Democracia tem destas coisas. A Democracia tem uma “Janus Face”. Democracia: um conceito que nos devia enaltecer e elevar como seres humanos… tão vivida pelos gregos e proclamada pelos franceses (liberté, egalité et fraternité). Um conceito belo (talvez ideal) que devia unir os povos e dar iguais oportunidades a todos. Um conceito de proclamação dos direitos (e protecção) do homem. Mas somos só humanos, e ao designarmos os nossos dirigentes, que devem ser representantes do eleitorado que os elege, escolhemos e mandatamos. Os eleitos (entenda-se como elegíveis) tem a representatividade que lhes conferimos (e confiamos) e deveriam ser limitados nesses poderes. Servir o eleitorado (no sentido mais amplo do termo) deveria ser a missão. Mas a moeda tem outra face. E ao serem eleitos, gera-se uma aura de intocabilidade, que só o eleitorado pode contornar (e retirar). Gera-se assim uma confusão e mesmo impotência do próprio sistema. Todos os meios justificam os fins… (mais que os fins justificam os meios).
Claro que é óbvio que estamos a falar de um senhor chamado Jardim, que reina num jardim à beira mar plantado (que não é o jardim de Camões, mas sim a Madeira). A situação torna-se lamentável, mais ainda porque o comportamento (mesquinho) de sobrevivência imediatista dos acólitos gera redes de “tóxico” dependência do poder (leia-se dependências económicas directas, vulgo influências, empregos, compadrios). Assim, mesmo que as cimeiras partidárias o quisessem (embora duvide), ou os responsáveis governamentais (aqui visado o Ministro das Finanças), que deveriam julgar a situação de prepotência de intervenção económica, vêem–se maneatados (incapacitados) em tomar medidas drásticas por falta de legislação punitiva (agora em vias de ser estabelecida) e limitam-se a sumárias críticas (quase feitas com pudor). A famosa legitimidade democrática assim nos condena e limita. Impossível dizer ao senhor Jardim (inspirado no célebre fraseado... Sr. Silva) que não deve continuar e ser mesmo impedido, por má conduta e abuso, de ser eleito (considerado “impróprio”). Digamos, em alta voz, que se deve retirar e que em forum adequado deve ser julgado.
Mas a democracia tem destas coisas… e na falta de melhor continuemos a viver a democracia possível.

1 comentário:

  1. Caro "Areia",
    Não poderia estar mais de acordo!..
    Assim é o país que (infelizmente) somos, ou querem que sejamos...
    Renovo a ideia de que Portugal é muito (mesmo muito) mais que (estes) portugueses...

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