Actualmente, as pessoas escondem-se, exilam-se,
desaparecem enquanto seres sociais. O empobrecimento sistemático da sociedade
está a produzir uma estranha atomização da população: não é já o «cada um por
si», porque nada existe no horizonte do «por si». A sociabilidade esboroa-se
aceleradamente, as famílias dispersam-se, fecham-se em si, e para o português o
«outro» deixou de povoar os seus sonhos – porque a textura de que são feitos os
sonhos está a esfarrapar-se. Não há tempo (real e mental) para o convívio. A
solidariedade efectiva não chega para retecer o laço social perdido. O Governo
não só está a desmantelar o Estado social, como está a destruir a sociedade
civil.
Sem presente, os portugueses estão a tornar-se os fantasmas
de si mesmos, à procura de reaver a pura vida biológica ameaçada, de que se
ausentou toda a dimensão espiritual. É a maior humilhação, a fantomatização em
massa do povo português. Este Governo transforma-nos em espantalhos,
humilha-nos, paralisa-nos, desapropria-nos do nosso poder de acção. É este que
devemos, antes de tudo, recuperar, se queremos conquistar a nossa potência
própria e o nosso país.
José Gil (retirado do Facebook)... em Das Culturas.
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