O SAMOVAR
“La Place Rouge ètait vide”… devant moi ne marchait pas Nathalie (*)…
Caminhava tiritando de frio, daquele frio que penetra os ossos, embora vestido por camadas de roupa, como uma cebola. Em Londres não havia temperaturas destas. Frio de Moscovo, janeiro no seu melhor (ou pior)… a colega russa caminhava apressada, quase indiferente e aclimatada. Não se podia perder o metro matutino para chegar a tempo ao Parque Izmailovsky. Muito artesanato para ver, proveniente de todos os cantos da URSS (na altura ainda indivisa). As condições climatéricas eram implacáveis… nem obras, bordados, pinturas, relíquias aqueciam a alma. Uma fogueira improvisada, ao ar livre, foi abrigo e alento, acompanhado dum trago de vodka, partilhado e generoso. A colega apontou para uma bela peça de casquinha, um lendário Samovar (com depósito para brasas e tudo e com uma torneira rara), que prometia proporcionar uma boa conversa em torno de um chá distante… quem sabe de Samarcanda. O preço não exagerado, mas equivalente ao salário da colega... Pensou, pensou… e quando voltou a Londres foi reler o W. Somerset Maugham, “O Samovar e outras histórias”… e que bem soube … como um “chá justo”, “exquisite, dramatic, torrid, and tragic”, como a vida de Maugham (**) e de outros.
(*) NATHALIE- BECAUD https://www.youtube.com/watch?v=asAepCRxpek
(*) NATHALIE- BECAUD https://www.youtube.com/watch?v=asAepCRxpek
(**) W. Somerset Maugham, British playwright, novelist and short story writer.
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