quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

TERTÚLIAS ... à volta de...

A TERTÚLIA (do castelhano tertulia) é, na sua essência, uma reunião de amigos, familiares ou simplesmente frequentadores de um local, que se reúnem de forma mais ou menos regular, para discutir vários temas e assuntos, especialmente os artísticos e os literários.

... "a vida nacional gira à volta de uma chávena", numa referência inequívoca da importância das tertúlias em Portugal. As tertúlias foram "importadas" para Portugal de Paris, onde surgiram e se espalharam pelo mundo, associadas aos cafés. Cada café tinha uma, ou mais, tertúlias sobre temas diferentes. Paralelamente, os seus integrantes identificavam-se como pertencendo à tertúlia A ou B, numa clara divisão das águas entre correntes de pensamento diferentes.

Aqui vão duas de Portugal e uma de Espanha. E que TERTÚLIAS !!!!


La tertúlia do Café de Pombo 
é a obra mais icónica de José Gutiérrez Solana, um exemplo do grande amor do artista pelos encontros intelectuais tão comuns no primeiro terço do século XX nos mais conhecidos cafés de Madrid, entre eles “o Pombo” (Calle de Carretas). Os protagonistas da pintura são alguns dos mais destacados intelectuais da época: Manuel Abril, Tomás Borrás, José Bergamín, José Cabrero, Gómez de la Serna (em pé, no meio da foto), Mauricio Bacarisse, Solana em auto- retrato, Pedro Emilio Coll e Salvador Bartolozzi.


Os Vencidos da Vida 
é o nome por que ficou conhecido um grupo informal formado por personalidades intelectuais de maior relevo da vida cultural portuguesa das últimas três décadas do século XIX, com fortes ligações à chamada Geração de 70. O nome do grupo remete claramente da renúncia dos seus membros às aspirações da juventude. O grupo reunia-se para jantares e convívios semanais no Café Tavares, no Hotel Bragança ou nas casas dos seus membros, tendo-se mantido activo entre 1887 e 1894. Os Vencidos da Vida foram definidos pelo escritor Eça de Queiroz - um dos seus membros tardios - como um grupo jantante. O grupo incluía, entre outros, José Duarte Ramalho Ortigão, Joaquim Pedro de Oliveira Martins, António Cândido Ribeiro da Costa, Abílio Manuel Guerra Junqueiro, Luís Maria Augusto Pinto de Soveral (1.º Marquês de Soveral, Francisco Manuel de Melo Breyner (3.° Conde de Ficalho), Carlos Félix de Lima Mayer, Carlos de Orta Lobo de Ávila, Bernardo Pinheiro Correia de Melo (1.º Conde de Arnoso) e António Maria Vasco de Melo Silva César e Meneses (9.º Conde de Sabugosa). José Maria de Eça de Queirós integrou o grupo a partir de 1889.

O Grupo do Leão 
era constituído por artistas que se reuniam na Cervejaria Leão de Ouro em Lisboa, dinamizados pelo pintor Silva Porto, então regressado de Paris e professor na Escola de Belas Artes de Lisboa. Reunindo amigos, admiradores e discípulos, foi responsável pela organização de várias exposições, que contribuíram para o enorme sucesso da pintura do Naturalismo em Portugal. As oito exposições efectuadas foram marcantes e muito visitadas. O grupo tornou-se uma espécie de "vanguarda", considerando-se modern. A actividade do grupo manteve-se regular até 1888, ano da realização da última exposição. "O grupo do Leão" foi imortalizado em 1885 num conhecido óleo sobre tela da autoria do pintor Columbano Bordalo Pinheiro, membro da tertúlia (no Museu do Chiado de Lisboa). Aí estão retratados: Sentados, da esquerda para a direita: Henrique Pinto, José Malhoa, João Vaz, Silva Porto, António Ramalho, Moura Girão, Rafael Bordalo Pinheiro e Rodrigues Vieira; De pé, da esquerda para a direita: Ribeiro Cristino, Alberto d'Oliveira, o empregado de mesa Manuel Fidalgo, Columbano Bordalo Pinheiro, outro criado (Dias) ou o dono da Cervejaria, António Monteiro e Cipriano Martins.