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Bioinorgânica... que é?

Química em geral é uma ciência incompreendida e mal amada. Talvez por usar muitas fórmulas e símbolos, ao contrário de outras ciências, tornou-se mais hermética e exclusiva. Chegou a altura de a trazer á luz do dia e compreendê-la. Tradicionalmente a Química está dividida em áreas: Química Orgânica, Química Inorgânica, Química Física e mais recentemente ligada à Bioquímica e Biologia.

Uma área recente (cerca 25-30 anos) emergiu: a (Química) Bioinorgânica. Um “non-sense name”: por um lado orgânico, negado pelo in, que se neuraliza pelo introdução de bio. Resulta do facto de se ter compreendido que a Química da Vida (tradicionalmente ligada à transformação de compostos de carbono envolvidos em processos vitais (tais como ácido cítrico, ácido láctico, ácido acético, etc., geralmente dos domínios da Q.Orgânica) necessitava de elementos inorgânicos (em particular sódio, potássio, cálcio, magnésio, e muitos metais tais como ferro, cobalto, níquel e outros menos conhecidos, i.e., molibdénio, vanádio, etc (sem sermos exautivos, os conhecidos “metais de transição" da tabela periódica). De grande importância a estrutura-função de proteínas ligados a metais (metaloenzimas).  Nasce assim um campo científico de enorme importância, onde o impacto e o papel dos metais é incontornável para a compreensão da vida tal como a conhecemos.

J.J.R. Fraústo da Silva and R.J.P. Williams, The biological chemistry of the elements: The inorganic chemistry of life, 2nd Edition, Oxford University Press, 2001, ISBN 0-19-850848-4

O próximo ano celebra o Ano Internacional da Química (ver notícia anterior neste blog). A química está por todo o lado e convive connosco no dia a dia. A Química tem que deixar de estar conectada com ideias de toxicidade, poluição, perigo, etc. As imagens de chaminés a deitar fumo, explosivos e tubos de ensaio nada têm a ver com a química moderna. A química é uma ciência experimental e teórica, e usa técnicas e instrumentos altamente sofisticados para resolver problemas prementes e de grande complexidade. Muita áreas tais como análises, medicina, agricultura, alimentação, nutrição, farmacologia, biologia, genética, biocombustíveis, bioenergia, entre muitos outros, são campos de intervensão desta ciência fulcral, a redescobrir.