segunda-feira, 26 de setembro de 2011

… janela(S) indiscreta(S)… TEATRO

SATURDAY NIGHT (Teatro S.Luiz, Lx, 22 a 25 SET)
COMPANHIA TEATRAL EUROPEIA – Vanishing Point Co.
Duas actrizes portuguesas, dois belgas e uma escocesa, um encenador inglês que trabalha em Glasgow, todos juntos num projecto que começou a esboçar-se há um ano em Itália e agora estreia em Portugal. 

"Sábado à noite: sais… ficas em casa? Olhamos através das janelas de uma casa com jardim: quartos, pessoas… O que se passa, o que vemos sem dever, é um mistério que podemos reconstruir. Quem é aquele jovem casal que recentemente se mudou? O que é que ele está a fazer na casa de banho? De quem é aquela estranha presença, lá em cima? Saturday Night fala-nos dos ambientes que construímos para nós próprios e aos quais chamamos casa, dos sonhos que empreendemos, dos segredos que guardamos entre nós. 

Um modo de ver
Dentro de uma casa, há duas pessoas. Esta casa está montada num palco e nós, dos nossos postos de “espectadores emancipados”, vemos como a estranheza toma progressivamente conta daquilo que parecia familiar e, tanto quanto possível, feliz. Uma visão possível, talvez paradoxal, da ‘casa comum europeia’, espaço de singularidades e diversidade, mas também lugar de um destino partilhado. (programa)

Outro modo
O cenário mostra salas de apartamentos: sala de estar, casa de banho, quarto superior de outro apartamento. Uma grande parede de vidro separa e isola o espectador da cena. O espectador é mesmo "espectador"! Um casal entra e é notório que está em mudanças, acabado de chegar. Interacções circunstanciais: homem das mudanças, vizinha. Todo um imaginário, onírico, subconsciente é confrontado deixando á nossa interpretação onde pára a realidade e começa o não real: como se o espectador fosse um voyeur. Vês, mas não ouves. As pistas desdobram-se à tua frente. Qual é a tua versão da história?"  Hitchcock e Camus já nos lançaram semelhantes reptos. Em Rear Window, James Stewart e Grace Kelly adivinham, especulam e reinventam o que se passa no prédio vizinho. Camus, num belo conto, relata terriveis acontecimentos que se passam no prédio em frente ao dos observadores, relatos interpretativos e inventados que se descobre no final terem como objectivo enterter um idoso dificiente visual. 
Bons apontamentos musicais (ex. Anthony and The Johnsons). 

Onde se pode ter uma visualização do belo cenário, onde a peça de desenvolve.

Criação Vanishing Point
Concepção e Encenação Matthew Lenton
Cenário e Desenho de Luz Kai Fischer
Figurinos Leah Lovett
Dramaturgia Pamela Carter
Música e Desenho de Som Mark Melville
Criador associado Sandy Grierson
Interpretação Teresa Arcanjo, Gabriel da Costa, Sandy Grierson, Flávia Gusmão, Lara Hubinont, Adriana Vaz de Carvalho

Co-produção Vanishing Point (Glasgow), Teatro Nacional São João (Porto), Centro Cultural Vila Flor – Teatro Oficina (Guimarães), Tramway (Glasgow), Companhia Teatral Europeia e SLTM –Peça em tournée.

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