sábado, 10 de março de 2012

... há quanto tempo não lê os Lusíadas?


Um poema épico (1572) por Luís de Camões.
Era difícil quando tínhamos 15 anos. Vale a pena reler de novo.
Lembram-se? Uma viagem maravilhosa deste povo que tem de acreditar em si, cada vez  mais, para sair deste marasmo e libertar-se desta vaga de políticos sem escrúpulos e com Alzeimer.
Um grande povo que deu muito e tem muito a dar ao mundo ainda.
E são os Portugueses, o Vasco da Gama, a Inês de Castro, e Venus que nos ama... e uma ocasião única de ler bom português, maleável, rico, complexo e simples, com tonalidades que vão de novo surpreender...
Acredite, aposte, releia e... fale aos amigos.
E tem uma grande vantagem... abre onde quiser, delicia-se, salta páginas e continua... e volta a atrás...

Um pequeno “memoire-guia”...
Descrição da narrative (highlights)
Canto I (O concílio dos deuses, A ilha de Moçambique e o piloto mour
Canto II (Cilada em Mombaça, Chegada a Melinde)
Canto III (Egas Moniz, Batalha de Ourique, Dinastia de Borgonha, Inês de Castro, D. Fernando
Canto IV (Batalha de Aljubarrota, Expansão portuguesa, O Velho do Restelo)
Canto V (Fernão Veloso, O Adamastor)
Canto VI (Os doze de Inglaterra, A tempestade)
Canto VII
Canto VIII (Painel da história de Portugal, Tratado com o Samorim)
Canto IX (A Ilha dos Amores)
Canto X (A profecia da Sirena, A máquina do mundo)

Comece pelo Canto I (o clássico)

As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
....
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

E emocione-se com a tragédia da bela Inês (Canto III)...

"Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
... 
 Do teu Príncipe ali te respondiam
As lembranças que na alma lhe moravam,
Que sempre ante seus olhos te traziam,
Quando dos teus fermosos se apartavam:
...
Tirar Inês ao mundo determina,
Por lhe tirar o filho que tem preso,
Crendo co'o sangue só da morte indina
Matar do firme amor o fogo aceso.
....
Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito
......
A estas criancinhas tem respeito,
Pois o não tens à morte escura dela;
Mova-te a piedade sua e minha,
Pois te não move a culpa que não tinha.

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